data-filename="retriever" style="width: 100%;">Há que se debater a necessidade, e até a pertinência das pesquisas eleitorais. Já tem um tempo que, francamente, tenho refletido a respeito dos efeitos de tais exercícios simulatórios, sem, no entanto, chegar a alguma conclusão a propósito de serem benéficas ao processo democrático ou, se maléficas.
Se, por um lado, elas trazem espécie de fotografias do momento das campanhas eleitorais, tendências e pendores dos diversos setores populacionais e perspectivas de resultados, ainda que ressalvadas as margens de erro, até que ponto, mesmo as tomadas de opinião efetuadas pelos mais respeitados institutos, por meio das melhores técnicas metodológicas e ao abrigo das mais nobres e republicanas intenções não estariam a somente nutrir a afoiteza e a curiosidade de quem não consegue aguardar pelo resultado que realmente interessa, logo o do escrutínio?
Pior: no ritmo da divulgação de tais pesquisas, dançam, nitidamente, as intenções de voto, fazendo inclusive com que potenciais eleitores de candidatos e candidatas C, D, E, F, G e por aí vai, alterem suas preferências as concentrando tão somente nos candidatos A e B.
Na senda de não "perder o voto", a futebolística sociedade brasileira declina de candidatos tantos, que ao sabor das convicções individuais e alguns coletivos seriam os ideais para, então, migrar suas esperanças aos candidatos que despontam nos primeiros lugares. Ao fazê-lo, além da triste renúncia ao que democraticamente entendem ou entendiam por melhor, ainda geram e fortalecem a polarização política e social que graça a desunir a nação.
Mais, a debandada dos possíveis votos de muitos para poucos, torna qualquer eleição em procedimento plebicitário, como se somente duas opções houvessem, entre este ou aquele, entre o sim e o não.
E não raro, muito antes o contrário, desistir de votar no que até a divulgação da pesquisa mais recente era o preferido redunda, também, em escolher o menos pior entre os melhores colocados.
Não por acaso, se acresce a tantos perigos, o costume de partidos políticos encomendarem as suas próprias pesquisas, sendo uma para consumo interno (mapeamento real da situação das campanhas) e outra para brasileiro ver, assim entendida a manipulação dos resultados para alcance da influência psicológica de que ora tratamos.
Já, por outro lado, não existissem elas, as pesquisas, o que perderíamos? A que danos sucumbiria a democracia e que aspectos cidadãos seriam tolhidos se tivéssemos que pacientemente aguardar pela contagem oficial dos votos?
De minha parte, ao menos agora, não recordo nenhum... E já quase ia esquecendo de mencionar o quão bom me seria o silêncio daqueles que confiam mais ou menos nos promotores e nas próprias pesquisas conforme os percentuais apontados e suas conveniências ideológicas.
Repito: creio ser digno de se pensar se as pesquisas são mesmo indispensáveis. E, se sim, para quem.